28/06/2013

Plantão Vazio: Malária



A malária é uma doença negligenciada, mas de grande importância populacional em nosso país, especialmente na região norte. Mas, o vídeo abaixo não fala necessariamente disto. Conheça a história do matador Fabiano, o Morte e a malária neste curta que combina de forma sensacional ilustração, origami, kirigami e time lapse. Divirta-se com este trabalho de Edson Oda, que mistura faroeste no sertão brasileiro e história em quadrinhos para produzir algo inesperado.


http://www.edsonoda.com/malaria/

25/06/2013

I Simpósio de Hepatologia do Centro-Oeste

Médicos, Graduandos, Demais profissionais da saúde,
 
A Sociedade Brasileirade Hepatologia (SBH), em iniciativa pioneira, promoverá nos dias 27 a 29 de junho do ano corrente o Simpósio de Hepatologia do Centro-Oeste.
 
Em sua primeira edição, o evento ocorrerá em Goiânia no Hotel Mercure, que dispõe de confortável e moderna estrutura.
 
Com uma programação abrangente, interessante e altamente relevante à prática clínica, o simpósio contará com a participação de renomados palestrantes de diversas regiões do país, como o Dr. Henrique Sérgio de Moraes Coelho (atual presidente da SBH) e o Dr. Heitor Rosa (ex-diretor da SBH).
 
 
As inscrições estão abertas, sendo que estudantes estão isentos de pagamentos.  Aos médicos sócios e não sócios os valores são, respectivamente, 80 e 120 reais.
 
Participem!
 

22/06/2013

Does Truth Matter? (A verdade importa?) - Carl Sagan

"Não apenas em casas de camponeses, mas também em arranha-céus nas cidades, vivem lado a lado o século XX e o XIII. Cem milhões de pessoas usam eletricidade e continuam a acreditar nos poderes mágicos de sinais e exorcismos... Estrelas de cinema visitam médiuns. Aviadores que pilotam mecanismos miraculosos criados pelo gênio humano usam amuletos em seus casacos. Que inextinguível reserva eles possuem de escuridão, ignorância e selvageria!"  
Leon Trotsky


Embora Trotsky se refira neste trecho à Alemanha do início do governo nazista, podemos aplicar esta citação aos nossos dias sem muito esforço. Afinal, você já deve ter encontrado alguém que acredita em algo claramente contrário aos conceitos defendidos pela ciência, como poder das pirâmides, astrologia, ufologia e muitos outros. Não é difícil, mesmo no meio acadêmico e médico, encontrar pessoas que creem naquilo que pode ser considerado pseudociência, isto é, crenças que são apresentadas sob falso verniz científico, mas que, a rigor, não podem ser demonstradas pela experimentação.

Mas, você já pensou no que essas crenças significam para o conhecimento científico e a evolução da civilização? É precisamente este ponto que o astrônomo norte-americano Carl Sagan (1934-1996) aborda em seu artigo Does Truth Matter? Science, Pseudoscience, and Civilization (A verdade importa? Ciência, Pseudociência e Civilização), publicado na revista Skeptical Inquirer Volume 20.2, March / April 1996.


Em seu trabalho como divulgador da ciência, Sagan produziu mais de 600 artigos científicos e mais de 20 livros, boa parte deles destinados a promover o ceticismo na investigação científica e a adoção criteriosa do método científico. Does Truth Matter? é um exemplo magnífico deste trabalho. Opondo-se à superstição e falta de comprovação que caracterizam as mais diversas formas de pseudociência, o artigo busca construir uma defesa da verdadeira ciência, fundamentada no trabalho incansável e constante de inúmeros profissionais guiados pelo método científico.

Segundo Sagan, o apego de muitas pessoas à pseudociência pode ser explicado pelo fato dela responder a algumas necessidades emocionais geralmente não atendidas pela ciência. De forma geral, o contínuo progresso da ciência tem contribuído para a desconstrução do antropocentrismo, isto é, tem inviabilizado a manutenção da noção de que nossa espécie ocupa um lugar especial na natureza. Ao dar vazão  a nossas fantasias sobre poderes pessoais, sobre formas mágicas de cura ou sobre a vida após a morte, a pseudociência seria uma forma de reafirmar nossa importância cósmica, apregoando nossa íntima e especial ligação com o universo.

Entretanto, como o próprio título do artigo informa, seu objetivo não se limita a criticar a pseudociência, mas faz uso deste exemplo para demonstrar a importância da busca pela verdade como meio de crescimento para a humanidade, destacando o papel da ciência como guia neste processo. Como nos lembra Sagan,

"Claramente, não há como retornar. Goste ou não, nós estamos atrelados à ciência. Seria melhor que aproveitássemos o máximo dela. Quando nós finalmente a aceitarmos e reconhecermos integralmente sua beleza e seu poder, nós descobriremos finalmente, em um sentido tanto espiritual quanto prático, que nós fizemos uma enorme barganha a nosso favor."  

E para você, a verdade importa? Leia o artigo na íntegra em:


Sobre a importância da ciência, veja ainda este discurso do também astrônomo norte-americano Phil Plait ilustrado com a brilhante arte do cartunista Gavin Aung Than do ZenPencils  (altamente recomendável!):


17/06/2013

Pós-Graduação a Distância em Gastro Gratuita

A Associação Interamericana de Gastroenterologia (AIGE) desenvolverá de 22 de maio de 2013 a 20 de agosto de 2014 o Curso “GASTROENTEROLOGÍA, ENDOSCOPIA Y HEPATOLOGÍA: LOS CONCEPTOS ACTUALES Y SUS APLICACIONES PRÁCTICAS”.
O curso, que integra o Programa de Educação Médica Continuada a Distância, é voltado a todos os profissionais de saúde. A inscrição é absolutamente gratuita.
Com uma excelente programação, essa iniciativa contará com a participação de ilustres brasileiros.
Aos interessados, recomendamos que se inscrevam o mais breve possível. Pois, o primeiro módulo deverá ser concluído até o dia 19 do corrente mês.
"Guérir quelquefois, soulager souvent, consoler toujours."
(Curar algumas vezes, aliviar muitas vezes, consolar sempre)
Nota: Conforme poderão verificar, caso se interessem, "não se conhece o autor da frase supracitada, nem quando a mesma foi usada pela primeira vez. O citado aforismo aflorou naturalmente como síntese da própria medicina e do compromisso do médico para com a humanidade sofredora." Joffre M de Rezende

15/06/2013

Mecanismos das Síndromes Coronarianas Agudas



As síndromes coronarianas agudas são condições emergenciais que representam um importante problema de saúde pública em todo mundo. No Brasil, estima-se que ocorram 300.000 a 400.000 casos anuais de infarto agudo do miocárdio, com 60.080 óbitos, ou seja, 1 a cada 5 a 7 casos resulta em óbito, sendo considerada a principal causa  isolada de morte no país.

De forma geral, constituem um complicação aguda de uma doença de longa evolução, a aterosclerose. Contudo, os mecanismos que causam a transição de uma doença estável, de período de incubação prolongado, geralmente assintomática para um evento dramático, com elevada morbimortalidade ainda não são bem compreendidos. Tais mecanismos são discutidos no artigo de revisão Mechanisms of Acute Coronary Syndromes and Their Implications for Therapy (N Engl J Med 2013;368:2004-13).

A teoria tradicional postula que estenose progressiva estreita o lúmen de uma artéria coronária aterosclerótica a níveis críticos, reduzindo consideravelmente o fluxo e permitindo a ocorrência de um trombo oclusivo, que interrompe o fluxo  completamente e causa infarto do miocárdio com supradesnivelamento de ST. Se a obstrução for parcial ou transiente, instala-se a síndrome coronariana sem supradesnivelamento de ST.

Contudo, achados de estudos clínicos e patológicos tem alterado esta visão sobre a progressão da aterosclerose. Estudos de imagem coronariana, principalmente angiografia, tem demonstrado uma dissociação entre o grau de estenose e a propensão de provocar síndrome coronariana aguda, sendo que o nível de estenose encontrado normalmente não é suficiente para limitar o fluxo. 

Além disso, dados de estudos clínicos tem revelado que procedimentos invasivos para tratamento da estenose geralmente não previnem eventos trombóticos futuros mais que tratamentos não invasivos, com destaque para o controle lipídico com estatinas. Também o uso ainda experimental de imunomoduladores, como colchicina e metotrexato, na prevenção de novos eventos trombóticos tem trazido evidências do papel da inflamação na fisiopatologia da ruptura da placa aterosclerótica.

Diversos estudos recentes tem trazido avanços na compreensão da patogênese das síndromes coronarianas agudas, em nível molecular e celular, o que pode representar uma expansão nas possibilidades terapêuticas para além da redução da estenose. 

Aprenda mais sobre os mecanismos fisiopatológicos desta importante condição médica em:

08/06/2013

Plantão Vazio: Zacarias um médico bom de bisturi

Zacarias era caracterizado pelo jeito infantil e pela peruca (Mauro Gonçalves era calvo) e, claro, pela risada característica. Mauro dizia que "Zacarias" era o nome de um galo que ele tinha na infância e desde pequeno o chamavam assim.

Seu personagem foi o mais caricato de todos, marcado por seus dentes saltados, por sua risada inconfundível e pelo constante assédio à sua peruca. Sempre que alguém ou algo roubava sua peruca, ele desesperadamente se esforçava para recuperá-la em meio a gritos e lamúrias.

Abaixo, temos um vídeo em que o Zacarias com o seu jeito humorista e brincalhão interpreta um médico ganancioso, que pouco se preocupa com o paciente, apenas com o lucro.





07/06/2013

Hepatite C: terapias atuais e futuras




Devido a sua diversidade virológica, seu padrão de transmissão e sua evolução clínica, a infecção pelo vírus da hepatite C (HCV) representa um desafio diagnóstico e terapêutico.  Por sua evolução comumente silenciosa e sua prevalência na população,  a infecção pelo HCV constitui uma preocupação para a saúde pública, sendo uma importante causa de cirrose hepática e hepatocarcinoma. Uma vez que hepatite C não  é comumente diagnosticada antes da ocorrência de complicações, o Center for Diseases Control e Prevention (CDC) recomendou recentemente a triagem para HCV em todas as pessoas nascidas entre 1945 e 1965, devido à importância deste vírus como causa de hepatocarcinoma nesta população. Apesar do Ministério da Saúde não ter feito a mesma recomendação no território brasileiro, não podemos deixar de nos atentar para a  magnitude da infecção.

Embora a infecção já seja conhecida há mais de 20 anos, a hepatite C ainda é uma doença de difícil manejo, com taxas de cura relativamente baixas. Uma vez que o tratamento, quando indicado, é fundamental para evitar a progressão da doença e suas complicações, diversos estudos tem sido realizados com o objetivo de  produzir drogas cada vez mais eficazes contra o vírus. Dessa forma, as taxas de clearance viral, usadas como indicador de eficácia do tratamento, tem aumentado consideravelmente com o advento de novas opções terapêuticas, de menos de 10% com o regime inicial de monoterapia com interferon até mais de 70% com a terapia atual, que inclui interferon peguilado associado à ribavirina.

A pesquisa de novos tratamentos para a hepatite C tem se direcionado tanto para o desenvolvimento de drogas dirigidas ao próprio HCV, como os já aprovados boceprevir e telaprevir, que são inibidores da protease viral, e inibidores da polimerase e de outras proteínas virais ainda em estudo, quanto para a modulação do sistema imune do hospedeiro, como inibidores da ciclofilina A e do miR122. Com estas futuras possibilidades terapêuticas, a indicação e a escolha do tratamento adequado provavelmente assumirão complexidade maior e exigirão melhor capacitação do médico na abordagem da doença.

Tendo em vista o desafiador e ao mesmo tempo animador futuro da terapêutica contra o HCV, recomendamos a leitura de:

http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/pcdt_hepatite_c_2011_retificado.pdf (Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas para Hepatite Viral C e Coinfecções do Ministério da Saúde, atualizado em 2011)

http://www.nejm.org/doi/pdf/10.1056/NEJMra1213651 (Revisão recente do New England Journal of Medicine sobre o presente e o futuro da terapia anti-HCV)

04/06/2013

Linguagem Médica - Joffre Marcondes de Rezende

Hemácia ou hemácea? Tiróide ou tireóide? Infarto ou enfarte? Quem nunca teve dúvidas ao escrever alguns termos médicos? Construída ao longo da história por meio das mais diversas contribuições, a linguagem usada pelos médicos pode ser nebulosa não somente para aqueles que não são diretamente herdeiros de Hipócrates, mas, algumas vezes, também para quem convive diariamente com a Medicina.

Certamente, Joffre Rezende (1921), em seus 35 anos como editor da Revista Goiana de Medicina, também se deparou com termos e expressões do vocabulário médico que geraram dúvidas quanto a sua escrita correta. Talvez tenham sido estas interrogações que o motivaram a escrever o interessante livro Linguagem Médica. Podemos imaginar que frente ao "decifra-me ou te devoro" da esfinge linguística da Medicina, o autor tenha decidido pela primeira opção, passando a buscar na história e na evolução das palavras a explicação de muitos termos médicos.


Em um texto inteligente e culto ao mesmo tempo que didático e de leitura agradável, Rezende desvenda alguns segredos da terminologia médica, construindo uma obra bastante útil para os profissionais da área de saúde. Afinal, se já iremos ser difamados pela letra ilegível, devemos evitar críticas quanto à ortografia.

Alguns dos casos analisados no livro podem ser encontrados em: